Operação contra piloto tem mortos e detidos na Venezuela
Operação aconteceu em periferia de Caracas. CNN diz Óscar Pérez foi morto, mas não há confirmação oficial; Comunicado de Ministério fala em 'desmantelamento de um perigoso grupo terrorista'.
O ex-policial venezuelano Óscar Pérez, que em 2017 atacou prédios governamentais usando um helicóptero, foi ferido e encurralado pelas forças especiais em seu esconderijo na periferia de Caracas, informou o piloto em redes sociais nesta segunda-feira (15). Na operação, algumas pessoas foram mortas e outras detidas, segundo o governo.
A CNN informou que Pérez foi morto, mas a notícia não foi oficialmente confirmada. Em comunicado, o Ministério do Poder Popular para Relações Interiores, Justiça e Paz diz que a ação resultou no "desmantelamento de um perigoso grupo terrorista" e não menciona o piloto nominalmente.
"Estão disparando contra nós com lança-granadas e atiradores de elite. Dissemos que íamos nos entregar e não querem deixar que nos entreguemos, querem nos matar", disse Pérez mais cedo em um vídeo em que aparece com o rosto ensanguentado e na companhia de outros homens armados.
Pérez, piloto e ator amador de 36 anos que deu toques de ficção à crise venezuelana, detalhou que foram cercados em uma estrada de El Junquito, a 25 quilômetros a noroeste de Caracas.
Jornalistas da AFP que tentavam chegar ao local, cujo acesso foi bloqueado pelas autoridades, viram passar um tanque do Exército, grupos de comandos especiais e ambulâncias.
Autoridades da Venezuela asseguraram ter abatido alguns homens e capturado outros cinco, enquanto dois policiais morreram.
"Os integrantes desta célula terrorista que fizeram resistência armada foram abatidos e cinco criminosos foram capturados e detidos", informou o ministério do Interior em comunicado, sem precisar se Pérez está entre os mortos ou detidos.
De acordo com a nota oficial, Pérez e seus homens "estavam fortemente equipados com armamento de alto calibre, abriram fogo contra os funcionários encarregados de sua captura".
O Ministério de Interior acrescentou que os homens "tentaram detonar um veículo carregado de explosivos". "Os policiais foram atacados quando estavam negociando as condições para sua entrega e resguardo", destacou.
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, com forte influência nos organismos de segurança e nas Forças Armadas do país, confirmou a operação em sua conta no Twitter.
"O terrorista Óscar Pérez atacou aqueles que o cercam, ferindo dois funcionários da FAES (Força de Ações Especiais da Polícia), os corpos de segurança responderam ao fogo", escreveu Cabello.
A ministra de Assuntos Penitenciários, Iris Varela, manifestou em sua conta do Twitter: "Que covarde, agora que está preso como um rato!". "Onde está a coragem que teve para atacar unidades militares, matar e ferir oficiais, e roubar armas?", lançou.
Acusado de 'ataque terrorista'
Em 27 de junho, Pérez e outros homens não identificados sobrevoaram Caracas em um helicóptero da Polícia Forense, lançaram granadas contra o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e dispararam contra o Ministério do Interior, sem deixar vítimas.
A ação ocorreu em meio à onda de protestos contra o presidente Nicolás Maduro que deixou 125 mortos entre abril e julho de 2017.
O piloto, que desde então publicou vários vídeos nos quais diz lutar contra a "narcoditadura" e "tirania" na Venezuela, é acusado de "ataque terrorista" pelo governo e tem uma ordem de captura na Interpol.
Em dezembro, atribuíram a ele a autoria da "Operação Gênesis", que acabou na invasão a uma base militar em Laguneta de La Montaña, povoado do estado de Miranda (norte), onde foram roubados 26 fuzis Kalashnikov e três pistolas.
Maduro acusou os Estados Unidos de estarem por trás do ataque e pediu à Força Armada "tolerância zero com os grupos terroristas" e para afastá-los com "chumbo".
'Saiam às ruas'
Em outro vídeo publicado nesta segunda-feira, Pérez assegura que há vários feridos no local onde estão encurralados e que também há civis, entre eles mulheres e crianças. "Por que atiram? Há pessoas inocentes", gritou.
"Quero pedir à Venezuela para que não desfaleçam, lutem, saiam às ruas. É hora de sermos livres e só vocês têm o poder agora", afirmou em postagem.
O ex-policial enviou uma mensagem aos seus três filhos em que diz que suas ações contra o governo foram tomadas por eles e pelas crianças da Venezuela que estão sofrendo com a severa crise econômica, política e social.
Por France Presse
Nenhum comentário